Área de Proteção Ambiental de Piaçabuçu
A Área de Proteção Ambiental de Piaçabuçu está localizada no litoral de Alagoas, junto à foz do rio São Francisco. Criada em 1983, ela abrange uma área de mais de 9 mil hectares, próxima à fronteira com o estado de Sergipe.
Área de Proteção Ambiental de Piaçabuçu |
Esfera Administrativa: Federal |
Estado: Alagoas |
Município: Feliz Deserto (AL), Piaçabuçu (AL) |
Categoria: Área de Proteção Ambiental |
Bioma: Marinho Costeiro |
Área: 9.106,87 hectares |
Diploma legal de criação: Decreto Federal nº 88.421, de 21 de junho de 1983. |
Coordenação regional / Vinculação: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) - CR6 - Cabedelo |
Contatos: Telefone: (82) 3557-1200
Endereço: Av. Beira Mar, s/n – Pontal do Peba – Piaçabuçu – CEP: 57.000-000 |
Índice
Localização
Os limites ao sul da APA coicidem com a margem esquerda do Rio São Francisco. A leste, se limita com a costa marinha, onde a APA engloba um cordão dunar, em mosaicos de vegetação rasteira e dunas móveis, limitados por uma extensa praia que liga a foz do Rio São Francisco ao povoado do Pontal do Peba. Ao norte, após o Povoado do Pontal do Peba, o limite é representado pela estrada municipal que divide os municípios de Piaçabuçu e Feliz Deserto. Seguindo por essa estrada, o limite da APA vai até o alcance de uma zona tampão (buffer) de cinco quilômetros a partir da costa, e assim segue até o encontro com o Rio São Francisco.
Como chegar
Devido à localização da APA de Piaçabuçu, na zona costeira, e ainda, às margens do Rio São Francisco, seu acesso pode ocorrer, basicamente, por dois meios: fluvial/marinho ou rodoviário. O acesso aéreo comum, ou comercial, também é viável, desde que complementado pelo acesso rodoviário, conforme descrito a seguir.
A partir da capital do Estado de Alagoas, Maceió, o acesso se dá por meio da rodovia estadual AL-101, por cerca de 120 quilômetros, passando nos aglomerados urbanos das sedes municipais de Barra de São Miguel e oruripe, entre outros.
Saindo de Penedo, um dos principais centros urbanos nas proximidades da APA, o acesso se faz pela AL-225, até a sede municipal de Piaçabuçu, por onde se alcança a sede da APA após o percurso de 18,6 quilômetros, no povoado do Pontal do Peba.
A partir do Pontal do Peba, o trajeto até a sede atual da APA tem sido feito por meio da orla, nas marés vazantes, com uso de veículos comuns.
Para alcançar os povoados no interior da APA, o acesso também é feito por meio rodoviário, porém sobre trilhas comuns ou estradas sem pavimentação. Para chegar no povoado de Pixaim, faz-se necessária uma caminhada de aproximadamente 2 quilômetros, após alcançar as dunas por meio de carro adequado para essas condições. Até o povoado de Bonito, é possível chegar com uso de automóvel comum, por meio de estradas vicinais, assim como, o acesso à Potengi, que também pode ser feito por automóvel comum pelas vias vicinais.
Existem disponíveis, transportes urbanos coletivos, diários, que transitam entre o Pontal do Peba e as sedes municipais vizinhas: Penedo, Piaçabuçu, Coruripe e Feliz Deserto. Esses transportes facilitam o acesso à sede da APA e proporcionam o trânsito das comunidades locais entre os núcleos urbanos.
Acesso Fluvial e/ou Marinho
O acesso ao povoado de Pontal do Peba, ou à sede da APA, pode ser feito por meio de embarcações marinhas particulares, devido à localização desses à beira mar. A porção meridional da APA, que faz limite com o Rio São Francisco tem sido acessada por turistas e visitantes por meio de embarcações fluviais fretadas para tal fim. Esse passeio é feito com catamarãs e dura cerca de 45 minutos ou 13 quilômetros. Parte da sede municipal de Piaçabuçu e ficam ancoradas por cerca de uma hora, no encontro do rio com o mar, conforme critérios estabelecidos pela gestão da APA.
Ingressos
Não há cobrança de ingresso
Onde ficar
Há diversas opções de hospedagem em Pontal do Peba, em Piaçabuçu, dentro da APA que, por ser uma unidade de conservação de uso sustentável, permite moradias e negócios em seus limites.
Objetivos específicos da unidade
Proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.
Histórico
A origem do nome da APA de Piaçabuçu vem essencialmente, homenagear a região onde se localiza. Sendo assim, a busca pela origem do nome da APA também remete à busca pela origem do nome da região onde está localizada. As primeiras edificações, especialmente uma igreja construída em homenagem a São Francisco de Borja, entre 1660 e 1670, faziam uso da abundante palha da palmeira nos seus telhados, fazendo disso uma referência. E desde o início do povoamento, o nome do local foi se perpetuando. De origem indígena, vem da união dos nomes: "piaçava" (palmeira) e "guassu" (grande), motivado pela abundância de palmeiras.
A APA de Piaçabuçu foi criada em 21 de junho de 1983, pelo Decreto n° 88.421, sendo a primeira Área de Proteção Ambiental criada no Estado, e a segunda unidade de conservação mais antiga, perdendo apenas para o Parque Municipal de Maceió, criado em 1978. Conforme determinado em seu decreto, a delimitação da APA abrange áreas rurais e periurbanas do Município de Piaçabuçu. Seu objetivo principal é de assegurar a proteção de quelônios marinhos, aves praieiras e fixação de dunas.
Atrações
A foz do rio São Francisco é um dos principais pontos turísticos dentro da APA, que também possui como atrativo a visita aos povoados.
Aspectos naturais
Na região da APA de Piaçabuçu predominam as deposições sedimentares datadas do Quaternário. No interior da APA a maior parte dos sedimentos são arenosos, quase exclusivamente de areias amareladas de origem marinha. Variações do solo podem ser observadas especialmente nas desembocaduras dos rios e proximidades, assim como nos mangues e planícies aluvias, várzeas e terraços fluviais.
A APA de Piaçabuçu situa-se dentro da Bacia do Litoral Sul, que ocupa a maior extensão do delta do rio São Francisco, no extremo sudeste do Estado de Sergipe. Existem também, dentro da APA, lagoas de água doce (Lagoa da Taboa, Lagoa dos Ossos e Lagoa Mãe d’água), e depressões hodromórficas que são preenchidas pelas águas pluviais nos períodos de maior precipitação
Relevo e clima
Clima
A Região Nordeste, onde se localiza a APA de Piaçabuçu, possui uma grande variedade de tipos de clima. Isso ocorre, especialmente, pelas coberturas vegetais e pelo gradiente latitudinal, que proporciona uma variedade de temperaturas e grau de evapotranspiração na região.
O clima da região onde a APA se encontra correspondente ao clima megatérmico com chuvas de outono e inverso. É também definido como clima tropical atlântico.
Relevo
Na região da APA de Piaçabuçu predominam as formações litorâneas, correspondentes às acumulações flúvio-lacustres, flúvio-marinhas e marinhas, próprios das regiões marinho-costeiras.
Fenômenos de instabilidade de relevo são esperados para a região da foz do rio São Francisco, já que os processos de constante deposição e remobilização de sedimentos durante a época de enchentes, provoca alterações constantes na altimetria e forma dos depósitos. O relevo é transformado pela constante interferência das intempéries externas. Sendo assim, as dunas são elevações móveis de areia, onde são distinguidas duas partes: uma área de aclive suave ou barlavento, pela qual a areia é empurrada, e uma área de declive abrupto ou sotavento, por onde a areia rola ao cair.
Dentro da APA de Piaçabuçu existe um longo cordão dunar, onde predominam dunas móveis, que deslocam-se a velocidades que podem ultrapassar dez metros por ano. Este é um aspecto relevante ao planejamento da APA, já que o avanço dessas dunas ameaçam o povoado de Bonito, em especial, demandando ações específicas para o gerenciamento desse conflito potencial.
Fauna e flora
Vegetação e flora
A paisagem da região da APA de Piaçabuçu é dominada pela presença de dunas e restingas. A vegetação da região da APA foi classificada em quatro grupos principais:
- Floresta Estacional Semidecidual – engloba a formação dos tabuleiros, formação dos vales e encostas, e formação dos terraços aluviais; - Floresta Estacional Decidual – é composta pela formação dos terraços marinhos e das planícies interlagunares; - Vegetação Pioneira – que abrange a formação litorânea, formação aluvial, palustre, flúvio-marinha e flúvio-palustre; - Transição Fitoecológica (ecótono) – engloba a formação dunas subatuais e encostas de cascalheiras.
A formação dominante, em função da área de abrangência, é da vegetação pioneira, que é composta pelas restingas arbustivas e vegetação rasteira, presentes nas dunas. Estudos botânicos apontam para a influência florística exercida pela Mata Atlântica nesses ecossistemas. Em levantamento realizado por Assis et al. (2000) foram identificadas cerca de 455 espécies da flora. Destaca-se a presença de espécies raras ou em vias de extinção, como a Palmeira Piaçabuçu, que deu origem ao nome da região e da APA, os paus d’arco roxos e amarelos, as sucupiras, louros e jacarandás.
Fauna
A fauna da APA de Piaçabuçu está constituída por espécies ligadas às formações vegetacionais abertas, relacionadas especialmente ao Bioma da Caatinga, mas também com influência da Mata Atlântica. Dessa forma, a fauna compõe um mosaico faunístico, especialmente pela composição dada pela herpetofauna e ornitofauna. A entomofauna também não se compõe por espécies habitat-especialistas, mas especialmente por táxons de distribuição bastante ampla. O único endemismo de restingas foi de Mimus gilvus, o sabiá-da-praia. Com relação à fauna aquática, existem diversas espécies de anfíbios, das quais, acredita-se haver endemismos ou espécies ainda não descritas. Da fauna marinha, destacam-se as tartarugas marinhas, os sirênios, em especial o peixe-boi (Trichechus manatus). Além dessas últimas espécies, ameaçadas de extinção, destacam-se o jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris), o falcão peregrino (Falco peregrinus), a zabelê (Crypturellus noctivagus) e a lontra (Lutra longicaudis).
Problemas e ameaças
Expansão da ocupação em Áreas de Preservação Permanente (APP), degradação por pisoteio de animais domésticos nas dunas móveis, e o comércio irregular na foz do Rio São Francisco. As atividades agropecuárias também são significativas no interior da APA.